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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Uma inteligência é necessária

Em sua obra A Origem das Espécies, Darwin nos dá uma descrição da natureza conforme ele a concebe. Nessas descrições, ele nos provê de explicações sobre como e até mesmo sobre por que os seres vivos são como são. Contudo, uma análise detalhada do que ele diz nos revela que é necessária uma inteligência para que aconteça o que ele afirma acontecer. Vejamos um trecho:



“Ora, a SELEÇÃO NATURAL não pode agir senão quando ocorrem variações proveitosas” (DARWIN:2002, p. 95)


A SELEÇÃO NATURAL é uma categoria inteligente que age sempre para o bem dos organismos. É o que está escrito nos trechos acima. Afirmamos que ela é inteligente porque é capaz de identificar variações nos organismos, é inteligente porque é capaz de emitir um juízo de valor sobre essas modificações. Isso ela faz quando tais variações são preservadas por serem “proveitosas”. A condição para que uma variação seja preservada é que ela seja proveitosa. Visto que nenhum ser vivo possui inteligência e poder suficientes para preservarem supostas variações nele ocorridas porque as julga como “proveitosas”, é necessária a atuação de um outro ser que faça isso, ou seja, um ser inteligente, capaz de detectar variações e de julgá-las como proveitosas. Ora, “proveitoso” somente se dá por uma relação lógica e útil entre a variação e o ambiente do ser vivo.

Barbatanas, por exemplo, são “proveitosas” aos peixes se forem julgadas com relação ao ambiente em que o peixe vive. Uma barbatana não seria proveitosa no lugar de uma asa, por exemplo. Dessa forma, se uma variação é preservada porque é proveitosa, é porque esta variação foi posta em relação lógica e útil com o ambiente do ser vivo. Visto que o próprio ser vivo não poderia executar essa ação, qual seja, a de detectar e julgar uma variação que porventura tenha sofrido e de contrapô-la ao ambiente em que vive, Darwin providencia um ser que pode fazer isso, ou seja, uma entidade que detecta variações nos seres vivos, que estabelece entre essa suposta variação o ambiente onde o organismo vive relações e, a partir daí, julga essa variação como útil (barbatanas são úteis para peixes, asas são úteis para aves) ou proveitosa. Em vez de admitir uma inteligência exterior à natureza, Darwin providencia uma categoria capaz de tomar o lugar dessa inteligência. Essa categoria se dá pela metáfora.

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